sexta-feira, 23 de abril de 2010

Fernando Nobre: Cavaco Silva 'deixou Portugal pior'

Fernando Nobre acredita que, no final de quatro anos na Presidência da República, Cavaco Silva deixou ‘Portugal bem pior do que quando começou’. Em entrevista exclusiva ao SAPO, o único candidato assumido às presidenciais de 2011 culpa Belém pelo estado do país.
Dois meses depois de ter anunciado a sua candidatura a Belém, Fernando Nobre garante que está na corrida eleitoral ‘para vencer’. A contagem decrescente para as presidenciais já começou e por isso, em entrevista ao SAPO, não poupou críticas um dos possíveis adversários na corrida eleitoral: Cavaco Silva.
Crítico da situação de ‘desgoverno’ a que o país chegou, Fernando Nobre não recusa as responsabilidades do Governo socialista na actual situação do país, mas culpa sobretudo Cavaco Silva: ‘é Presidente da República há quatro anos e deixa Portugal bem pior do que quando começou’.
‘Estamos numa situação em que o normal funcionamento do Estado não está a funcionar e isso também por culpa do senhor Presidente da República’, defende Nobre, avançando até com um exemplo: ‘termos tido eleições separadas prejudicou o calendário de Estado’ no que toca, por exemplo, à aprovação do Orçamento de Estado.
Belém e São Bento
Se, durante quatro anos, Belém e São Bento apregoaram a necessidade de uma cooperação estratégica entre ambos, diz Fernando Nobre que essa cooperação ‘se degradou’, ainda que seja suposto que ambos ‘trabalhem em sinergia’. Uma vez mais, Nobre aponta o dedo a Cavaco Silva, por se ter deixado envolver no debate partidário.
‘O presidente tem de ser efectivamente supra-partidário. Se eu fosse jogardor do Benfica ou do Sporting durante 20 anos, e depois passo a árbitro, não vou ser objectivo. São fenómenos humanos’, disse Nobre.
A polémica em torno das alegadas escutas a Belém serve de exemplo? O candidato presidencial concorda: ‘Se o o PR tinha a certeza que estava a ser escutado pelo PM só podia fazer uma coisa que quera demitir o PM – com desconfiança no topo do Estado não há governação possível. Se não tinha a certeza, tinha de ficar silencioso’.
Vaklav, Alegre e Cavaco
Com a visita de Cavaco Silva à República Checa ainda viva na memória, Fernando Nobre critica também a actuação do chefe de Estado por não ter reagido aos comentários feitos pelo seu homólogo checo Václav Klaus: ‘o Presidente checo fez considerações ofensivas sobre a economia portuguesa. Eu não permitiria a nenhum dos meus homólogos falar mal do meu país’, defendeu Nobre.
Apesar da marcação cerrada a Cavaco, Fernando Nobre guarda também ‘farpas’ para Manuel Alegre, que deverá formalizar a sua candidatura à Presidência da República no final do mês.
Para o candidato, se há culpas a atribuir pelo actual rumo do país, elas devem ser repartidas pelos dois ‘putativos candidatos’. Afinal de contas, diz Nobre: ‘Alegre e Cavaco estão na política há mais anos do que eu. Têm mais responsabilidades do que eu’.

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